A psicologia da ansiedade
Yves Gendron Psicólogo
Os estados de ansiedade vão desde uma preocupação ligeira até ao terror e ao pânico.
A duração destas sensações também pode variar, oscilando entre uma onda de ansiedade e uma angústia persistente.
1. É necessário compreender que muitas das sensações que experimenta são o resultado da ansiedade
2. Deve saber que estas sensações não são de modo algum perigosas.
O que é a ansiedade?
Embora seja muito difícil formular uma definição precisa de ansiedade, que abranja todos os aspectos (de facto, foram escritos livros inteiros sobre o assunto), toda a gente conhece o sentimento a que chamamos "ansiedade". Não há ninguém que não tenha experimentado algum grau de ansiedade, quer seja a apreensão sentida antes de fazer um exame, quer seja aquele estado de alarme quando se acorda a meio da noite, certo de que se ouviu um barulho suspeito lá fora.
O que é menos conhecido, porém, é que sensações como tonturas extremas ou vertigens; manchas à frente dos olhos e visão turva; dormência e formigueiro; músculos tensos, quase paralisados; e sensações de desconforto respiratório que podem ir até ao aperto, sufocação ou engasgamento, também podem fazer parte da ansiedade. Quando estas sensações ocorrem e não se compreende o que se está a passar dentro de si, a ansiedade pode intensificar-se até ao ponto do pânico, pois acredita-se que se foi subitamente atingido por uma doença.
A reação "enfrentar ou fugir
A ansiedade é uma reação ao perigo ou à ameaça. É assim chamada porque todos os efeitos que provoca têm essencialmente como objetivo enfrentar o perigo ou fugir dele para proteger o organismo.
Os mecanismos da ansiedade
A ansiedade manifesta-se através de três mecanismos distintos, um dos quais pode predominar de um indivíduo para outro.
O mecanismo físico inclui todos os sintomas físicos, como tonturas, palpitações, suores, dores no peito e falta de ar.
O mecanismo comportamental inclui reacções concretas como andar a passo, bater com os pés e evitar. Durante os ataques de pânico, o mecanismo físico predomina, uma vez que são os sintomas psicossomáticos que são mais facilmente confundidos com sinais de certas doenças ou condições graves.
O mecanismo mental inclui sentimentos genuínos de nervosismo, ansiedade e pânico, bem como pensamentos como "algo está errado".
Causas familiares
Yves Gendron Psicólogo
Não existe uma predisposição genética para a fobia; trata-se de uma perturbação comportamental aprendida. No entanto, esta perturbação desenvolve-se frequentemente a partir da mesma base (modelos familiares ansiosos, cansaço nervoso e/ou físico, stress acumulado não gerido, etc.). O fóbico pode então ser reconhecido por um perfil caraterístico que tende a favorecer o desencadeamento de uma fobia:
- reprime as emoções
- Perfeccionista (não se dá o direito de cometer erros)
- Duro consigo próprio
- Exigente, rígido
- Incapaz de dizer não
- Não reconhece limites
- Sente-se facilmente culpado
- Tem medo de desiludir os outros
- Tem uma grande insegurança
Ao reprimir-se, ao ser rigoroso consigo próprio, ao dar todo o tempo aos outros, ao ultrapassar os seus limites, etc., a tensão acumula-se. Em 96% dos casos, é isto que desencadeia o primeiro pânico
Modelos familiares
1- Pais muito críticos
Os pais que criticam constantemente tudo ou que estabelecem padrões de desempenho demasiado elevados podem fazer-nos sentir culpados ou, de outra forma, dar-nos a sensação de que nunca somos suficientemente bons. Na idade adulta, esforçamo-nos sempre por atingir a perfeição, numa tentativa de eliminar os nossos sentimentos de inferioridade. Podemos também ter um sentido de auto-crítica muito forte.
2- Uma perda significativa durante a infância
Se foi separado de um dos pais por morte ou divórcio, pode sentir-se abandonado. Podemos crescer com um sentimento de vazio e de insegurança que pode ser reestimulado de forma muito intensa pela perda ou separação de outras pessoas na nossa vida adulta.
Por isso, tentamos ultrapassar os antigos sentimentos de abandono, tornando-nos muito dependentes de certas pessoas ou viciados em drogas, álcool ou comida. Trabalhamos para reduzir a dor.
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Há também crianças cujos pais as ameaçam frequentemente com a separação
3- Pais abusivos
Os abusos físicos e sexuais são formas extremas de depreciação. Isto pode deixar-nos com sentimentos complexos e mistos, incluindo :
- sentimento de inadaptação
- falta de confiança
- sentimento de culpa ou de raiva
4- Pais alcoólicos ou toxicodependentes / pais suicidas
Os pais criam uma atmosfera instável e imprevisível que dificulta o desenvolvimento da criança, porque lhe falta um sentimento de segurança ou um ambiente seguro.
Os próprios pais negam os seus problemas, o que leva a criança a negar os seus próprios sentimentos de dor. As crianças têm frequentemente uma fraca "autoestima" ou identidade pessoal.
Os pais que atribuem demasiadas responsabilidades numa idade demasiado jovem, seja por doença, depressão, álcool ou drogas... Os filhos tornam-se então pais.
Muitos fóbicos sociais passaram por esta situação.
5- Pais negligentes / imprevisíveis
Pais negligentes: Por trabalharem demasiado ou por outras preocupações, não dão à criança a atenção ou o afeto de que ela precisa.
Pais imprevisíveis: um diz branco, o outro preto. Contradizem-se muitas vezes à frente da criança e não há estabilidade familiar.
6- Pais que rejeitam
Mesmo sem abusos físicos, sexuais ou verbais, alguns pais dão a impressão de que os seus filhos são menos desejados. Esta atitude muito prejudicial leva a criança a duvidar de si própria ou mesmo do seu direito de existir. Há uma tendência para se rejeitarem a si próprios ou para sabotarem o que é positivo.
7- Pais demasiado protectores
Os pais superprotectores levam as crianças a não confiarem no mundo que as rodeia e a não arriscarem ser independentes. Impedem-nas de experimentar por si próprias.
Quando adultos, sentem-se inseguros e têm medo do mundo que os rodeia.
8- Pais que nos mimam
As crianças recebem tudo, mesmo demasiado, dos seus pais. Não conhecem limites. Na idade adulta, tornam-se blasé, não têm perseverança e têm dificuldade em manter o esforço individual. Esperamos que o mundo venha até nós, em vez de assumirmos a responsabilidade de criar a nossa própria vida.